quinta-feira, 24 de julho de 2014

Abstracto




E assim se evola no abstracto
Um dia mais, sem substrato.


Lentos os minutos, correm as horas!
Aqui, no lugar onde moras
paira o silêncio do relógio parado.
Há muito que partiu o riso animado...


Se eu pudesse a minha mente aquietar
como jazem os objectos sem alma!
Se eu pudesse nunca mais lembrar
os tempos fugidos, a perdida calma,
poderia regressar à inocência
de acreditar, ainda, na essência
dum espírito benigno da vida.
Mas, não há regresso dessa ida.


O passado já não existe.
O que eu fui, já não persiste.


Fosse assim com as memórias
e passariam as horas, devagar,
construindo novas histórias
que valesse a pena lembrar.


As memórias trazem o regresso do tempo
- a vida não é senão um passatempo.
Coisas dispersas que voltam e assombram
coisas que rejeitam o esquecimento
tão implacáveis como lá fora o vento
que ruge em todas as direcções
desnorteado, danado; raios que vislumbram
e despedaçam todas as nossas orações.


Veio noite de violenta tempestade:
é o que resta, deste dia sem saudade.


Talvez, em breve num sono mais puro
eu consiga agarrar um pouco de futuro...


Armanda Andrade - 24.07.2014

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