quarta-feira, 9 de julho de 2014

O céu abriu-se em catadupas de água



O céu abriu-se em catadupas de água

soltou-se o vento em golpes de rajada
a castigar a flora adulta -
oh! como os seres inocentes
sentem esta violência dos agentes insensíveis!
o ginasticar convulsivo
das macieiras novinhas
o aborrido entediar
do cativeiro doméstico!

As verduras abençoam

enquanto melam as rosas -
oh! a fatal sinergia
da gratuitidade sensível
e do insensível necessário!

Tantas nuvens em cachão
sobre as terras alagadas
tantos vazios de nuvem
a rebentar de saudades
no deserto da minha alma!


João Marcos, meu Pai, poeta limiano - in "Meu Verde Minho" Edição Sol XXI, 1997

Sem comentários :

Enviar um comentário